A Basílica
O interior da Basílica tem entrada por um átrio onde logo
se destacam a qualidade artística e a riqueza dos mármores utilizados nas estátuas de santos que o ornamentam
- estátuas justificadamente qualificadas como obras primas da escultura italiana setecentista, pois em
Roma foram executadas e de lá vieram para Mafra em especiais condições de transporte. O corpo da igreja
propriamente dita abre-se numa só nave, ladeada de capelas sucessivas e conjugadas que correspondem,
afinal, às naves colaterais. O conjunto, de altura relativamente reduzida em proporção com a largura,
aparenta uma certa frieza de composição no seu formalismo clássico, só atenuado pelo colorido magnífico
dos mármores e pelo relevo sóbrio mas harmonioso dos capitéis.
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A Capela-mor alonga-se em profundidade e tem a valorizar a estrutura das suas formas
a luz recebida do zimbório, que é um dos elementos arquitectónicos de maior imponência na edificação,
também enriquecido pelo brilho e a cor dos mármores que o revestem interiormente. O exterior do zimbório
é de traçado octogonal, com uma cúpula em mármore branco que finaliza com um elegante lanternim. O crítico
de arte inglês Was«tson apontou defeitos que considerou graves neste pormenor da basílica, como a desporporção
em altura da cúpula e do lanternim, mas a imponência da construção não foi por isso diminuída essencialmente.
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As capelas são ricamente decoradas com pinturas e com estatuária opulenta. Artistas
italianos, como Alexandre Giusti, e franceses, como Claude Laprade, tiveram papel de relevo na execução
desses elementos decorativos, que fazem da Igreja de Mafra um repositório precioso da escultura europeia
do século XVIII, e também da pintura. Mas sabe-se que alguns artistas portugueses participaram com notáveis
contributos na criação desse património de arte, citando-se entre outros Manuel Dias e José de Almeida.
Mas Giusti o artista que deixou mais perdurável influência na escola de Mafra, em que veio a destacar-se
como discípulo a figura primacial de Machado de Castro. Como escreveu Aarão de Lacerda, o barroco italiano
movimenta-se em Mafra na estatuária solene, declamatória, exultante, profusa em efeitos de claro-escuro,
dramática nas expressões ou decorativa nos panejamentos flutuantes - uma «línguagem de alma» cujas raízes
partem de Bergani.
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Em Cima: Átrio da entrada da Basílica Em baixo à esquerda: Basílica Embaixo ao meio:
Interior do zimbório da Basílica Em baixo à direita: Capela-Mor
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