A histórica vila de Mafra tem as suas raízes para além do tempo e do lugar
da Vila, onde nos princípios do século XVIII, o rei Magnânimo mandou erigir o Convento de Mafra, o
«Monumento Sacro», como lhe chamou Frei João de S. José do Prado, minucioso cronista do Mosteiro.
Mais abaixo, e a poente da Basílica, encontra-se a «Vila Velha» com todos os orgãos
que, no passado, constituíam a vida orgânica de um concelho. Não faltava, ali, o centro religioso do
agregado; um pequeno templo destinado à evocação de Santo André que, apesar das reduzidas dimensões,
se impunha pela austeridade do estilo romano-gótico - expressão de arte medieval. Talvez, do século XIII,
segundo as suposições autorizadas de Estácio da Veiga que à vida passada desta vila dedicou vasto estudo.
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À volta deste expressivo monumento, e no tocante a datas, tudo, por enquanto, é hipotético,
embora não possa contestar-se a origem medieval da sua construção arquitectónica.
Naquela baixa, e mercê desta situação, o clima é mais ameno e propício à construção da igreja paroquial
de Santo André. O seu volume é pequeno, mas o bastante para se fazer sentir na região estendida até à
curva do oceano. Conforme ao tipo convencional das igrejas da
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mesma época, a sua planta - diga-se assim - oferece-nos três naves. Colunas monolíticas, e convenientemente
dispostas, separam a nave central das duas colaterais. Os arcos, de coluna a coluna, são de forma quebrada,
vulgar e erradamente chamados de ogiva; e, por serem três, três igualmente são os respectivos tramos.
Oa capitéis, quer das naves, quer da Capela-Mor, afirmam claramente a sua origem medieval; posto que
estejam longe dos seus parceiros de convento de Celas, exprimem muito bem a linguagem escultórica do
tempo. Exteriormente o edifício dá-nos uma expressão de serenidade e repouso. Olhando
do ângulo sudoeste, podemos observar, simultaneamente, a frontaria e a fachada sul. O primeiro aspecto
mostra-nos a portaria principal do templo rasgada num antecorpo sobre o plano geral da parede.
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A fachada-sul, extremamente sóbria, quase se limita à cachorrada sobre que assenta
o beiral da igreja. Na altura do Cruzeiro, todavia, salienta-se, singela e digna, em toda a pureza do
seu estilo, a porta: a porta-travessa, como é uso dizer-se. Mais simples que a portaria principal,
a do lado sul compõe-se de dois colunelos de cada banda, donde irrompem as arcadas ogivais, dispostas
de maneira a emoldurarem graciosamente a entrada para o cruzeiro do templo, sendo de assinalar a circunstância,
pouco vulgar, de que o plano desta portaria sobressai do paramento geral da parede.
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Uma das entradas da igreja vista das trazeiras do Palácio do Marquês de Ponte de Lima
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